Memória Potente

Como turbinar a memória
Com técnicas simples, abstinência de álcool e remédios naturais, a memória pode guardar mais informações do que se imagina

por Julián Melgosa, doutor em psicologia

A memória é imprescindível para a sobrevivência. Sua utilidade não é apenas para que alguém consiga se lembrar do nome ou telefone de um conhecido. Muito além das necessidades corriqueiras do dia a dia, a memória tem que ver também com as sensações, as emoções e experiências da vida que produzem em nós determinado estado de ânimo.

Sem a memória não seríamos capazes de aprender, pois para termos acesso a qualquer área de aprendizagem precisamos relembrar as ocorrências anteriores. Não poderíamos falar, caminhar, mastigar, ler, escrever, nem ao menos andar de bicicleta. Se convivêssemos com um portador da doença de Alzheimer (que perdeu apenas parte da memória) compreenderíamos melhor a importância dela. A pessoa com o mal de Alzheimer, mesmo tendo ainda boa parte da memória intacta, corre constantemente o perigo de se perder, de não reconhecer certas pessoas ou lugares e, por isso, acabar ficando à deriva.

Como tirar melhor proveito da sua memória

Existem pessoas que têm uma memória excepcional e outras parecem possuir uma memória fraca. Entretanto, todos podemos utilizar princípios mnemotécnicos, indicados para nos fazer lembrar melhor. Vejam os mais eficazes:

Uso e repetição

Os conteúdos de memória, que são usados com regularidade, nunca são esquecidos. Por isso, é importante usar e relembrar as condutas, ideias, tarefas e conteúdo verbal considerados importantes. A repetição, por sua vez, é um bom método para guardar conteúdos na memória por longo tempo. O efeito repetitivo do som produz a retenção. O método é cansativo, mas muito eficaz.

Associação verbal

Quando tiver que aprender palavras novas, faça uma associação delas com palavras conhecidas, estabelecendo um vín­culo comum entre ambas, seja pelo som ou pelo significado. Ao desejar relembrar o nome Celeste, por exemplo, você pode pensar na palavra “céu” e pensar em Celeste voando para o céu. Ou pode pensar em uma pessoa com o nome Celeste, que é sua conhecida há muito tempo, e colocar as duas Celestes juntas em sua imaginação. Esse método é usado com eficácia no meio escolar para aprender vocabulário estrangeiro, nomes de países, cidades, rios, etc.

Imagens

A eficiência dos métodos imaginários ultrapassa a de qualquer outro. Como a memória é impressionável, especialmente pelos conteúdos visuais, esse método faz com que as coisas sejam retidas por longo tempo. Para relembrá-las melhor, faça com que as imagens sejam ridí­culas, ilógicas, cômicas e bem coloridas. Dica: Se você precisa comprar cebola, ovos, tomate e uma lata de leite condensado; crie uma imagem visual combinando-os de forma estranha. Faça com que a cebola se desenvolva e se encha de ramas para que delas cresçam tomates e ovos; esborrife tudo com leite condensado bem pegajoso e observe a imagem durante bom tempo. Será difícil esquecer combinação como essa.

Ação

O movimento físico, acompanhado de conteúdos, favorece a retenção pela memória. Se você precisa memorizar uma lista de palavras em inglês, ou de reis de uma dinastia, dê saltos rítmicos falando cada nome. As crianças têm capacidade especial para aprender usando esse método, e os resultados são surpreendentes desde a tenra idade. A poesia e a música fazem parte dessa categoria e são apoio de grande utilidade na memorização.

Emoção

O material assimilado em situações sob forte emoção é gravado de forma permanente. Quanto mais intensa for a emoção, mais durável será a recordação. Seguindo esse princípio, pro­cure contextos e situações num ambiente novo e agradável para realizar o ensino ou a aprendizagem. Relembramos por muito tempo os acontecimentos que ocorreram num encontro distante de onde vivemos, ou em um lugar romântico no qual estivemos com alguém querido. Daí a importância de criar um ambiente inesquecível para acontecimentos especiais, pois, dessa forma, serão relembrados por longo tempo.

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A memória no estudo

O período de crescimento (infância e adolescência) é o melhor momento para armazenar conteúdos que durarão pelo resto da vida. Muitas outras coisas dos anos posteriores serão armazenadas, mas não com a mesma vivacidade do período jovem. Essa é a época em que se adquirem conteúdos básicos. Vale a pena aproveitar a juventude para a memorização e aprendizagem de conteúdos, muitos dos quais nos acompanham para sempre e servem de fundamentos para crescimentos futuros:

Organize adequadamente o material

A armazenagem na memória segue uma ordem e uma lógica. Não se pode memorizar cegamente. Prepare todo o conteúdo a ser estudado, de forma metódica e organizada, de acordo com um plano coerente. Se for história, use a cronologia. Se for química, classifique por substâncias, etc. Coloque em ordem os conteúdos, conforme faria com as roupas nas gavetas de casa.

Observe as condições ambientais

Não se pode estudar em local demasiadamente frio ou quente. Estude com boa iluminação e horário em que não esteja cansado demais. Prepare o material que vai usar e os mantenha próximos a você para não precisar interromper o estudo. Reserve uma parte do tempo para possíveis interrupções (se puder, deixe o telefone fora do gancho).

Divida o tempo do estudo

Com algumas exceções, é mais eficaz estudar em períodos curtos, porém eles devem ser mais frequentes para que não seja estudado tudo de uma só vez, por várias horas. Memorize os conteúdos nesses períodos e retorne ao estudo deles mais tarde. Essa prática permite passar a informação da memória temporária para a memória permanente.

Personalize a informação

Os conteúdos de qualquer matéria poderão ter sentido pessoal, independentemente dos dados apresentados pelo professor ou livro de texto. Se a matéria é geometria, aplique esse princípio às medidas de sua casa ou ao modelo de seus móveis. Se for história contemporânea, pro­cure entrar em contato com alguém que tenha vivido essa experiência ou visite um museu com objetos relacionados com os fatos narrados. Essas conexões fortalecerão os conteúdos em sua mente para o restante de sua vida.

Exercite sua memória

Existem atividades extra­curri­culares do programa escolar que podem ser úteis como exercício geral para reforçar sua memória: jogos, palavras-cruzadas, sopa de letras, etc. Também é apropriado fazer exercícios de cál­culo mental. Quando for fazer compras, não leve uma lista escrita, mas memorize o que vai comprar. Cal­cule mentalmente, aos poucos, sua despesa e depois faça a soma de cabeça.

O álcool e a memória

“Foi uma festa extraordinária! No fim, estávamos todos bêbados e nem sei como amanheci meio despido em um banco da praça.” Essa é uma frase bastante comum entre jovens que saem à noite, bebem e ficam embriagados.

O álcool produz amnésia que afeta a lembrança de momentos vivenciados recentemente. Como resultado, poucas coisas que acontecem em relação à pessoa embriagada são registradas por sua memória; razão pela qual, no dia seguinte, sente um vazio no pensamento com respeito ao que fez, falou, viu, ouviu e sentiu. É como se nada tivesse acontecido.

Além dos efeitos prejudiciais a vários órgãos, o álcool afeta a memória de maneira radical. O alcoólatra, dependente pelo efeito dessa substância durante várias horas ao dia, vive inconsciente do que acontece ao seu redor.

Essa condição pode produzir muitas complicações e até tragédias na vida das pessoas que consomem bebidas alcoólicas.

Remédios naturais para a memória

Ginkgo (Ginkgo biloba). As folhas dessa planta, originária do extremo Oriente, têm sido utilizadas desde tempos antigos para melhorar a irrigação sanguínea em geral e, especialmente, do cérebro. Por influir na ação vasodilatadora das artérias cerebrais, essa planta fortalece as funções intelectuais e a preservação da memória.

Alecrim erecto (Rosemarinus officinalis). Essa planta mediterrânea é conhecida em algumas localidades como “a erva da memória”. A infusão de suas folhas é considerada um excelente tônico para a cir­culação e, especialmente, para a irrigação sanguínea do cérebro e consequente melhora da memória.

Sálvia (Salvia officinalis). Em determinados locais, essa planta é conhecida como favorecedora da longevidade e restauradora da memória das pessoas mais idosas. A sálvia possui propriedades antioxidantes que ajudam a diminuir os traços da velhice, incluindo a perda de memória. Talvez, por essa razão, o extrato da sálvia seja utilizado como tratamento dos sintomas do mal de Alzheimer e da demência senil.

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